Vim aqui hoje com o intuito de me declarar, me vesti de mil formas, cores... ensaiei frente o espelho inúmeras vezes e sentei no sofá com uma carta, a carta de amor que eu fiz pra você, se eu não conseguisse falar, ela falaria por mim, eu veria sua reação e sentiria de perto o que você pensaria de mim.
Não foi fácil, até mesmo antes de sair já com um pé fora de casa e o outro dentro, eu pensei e repensei mil vezes, voltei, sentei de novo no sofá, chorei, chorei de desespero, por não saber como seria, se eu devia vir ou não, li a carta, fiz modificações, voltei ao espelho, coloquei outra roupa, sentei no sofá outra vez e lágrimas de dúvidas me chamaram pra dançar, sozinha, num dia tão difícil pra mim, decidir, valeria a pena ou não? Essa pergunta não me deixava m paz.
Quando decidi vir, já estava anoitecendo e pra quem se vestira conforme uma manhã de sol, estava frio, muito frio lá fora, agora, o frio está dentro de mim, quando cheguei, quando depois de um dia resolvi vir, te encontrei nos braços de outra.
E agora, te olhando sem que você perceba, eu vejo em você um homem diferente do que eu via antes e pode acreditar, eu te amo ainda mais. Se eu tivesse saído de casa quando decidi vir, eu teria te encontrado sozinho e seria eu a mulher a dançar contigo e ser embalada em seus braços, o erro não foi seu, foi meu, me perdoa, eu fui fraca demais pra vir quando meu coração pediu.
Que se dane o que eu vejo, que se dane as lágrimas que descem agora, eu só vim pra entregar essa carta.
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